FATESACAST: Prof. Doutorando Augusto Benedeti fala sobre predição de parto pré-termo
Episódio tratou de dois assuntos de altíssima relevância tanto para a ultrassonografia como para a obstetrícia
A prematuridade no Brasil é uma realidade e a principal causa de mortalidade infantil. Afeta diretamente a saúde pública e pode impactar os bebês e os pais de forma física, material e emocional, muitas vezes de maneira irreversível.
No mundo, 10% dos nascimentos são prematuros, segundo relatório divulgado em 2023 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pela Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Parceria para a Saúde Materna, Neonatal e Infantil, o que ultrapassa o número de 300 mil bebês por ano.
“Dar atenção a prematuridade pode melhorar e colaborar para o país sair nesse patamar que nos encontramos agora, afirma o Prof. Doutorando, Augusto César Saab Benedeti, professor da FATESA-Faculdade de Tecnologia em Saúde de Ribeirão Preto, há 16 anos. Esses são avanços da ultrassonografia e que podemos trazer para a obstetrícia clínica, obviamente, para que o avanço também esteja para os clínicos, chegando ao ponto principal, que seria a predição desse parto prematuro, ou seja, predizer que a prematuridade está prevista, prevení-la, melhorando desta forma a sobrevida da mãe e do feto ou desse recém-nato”, explica o professor.
Prof. Doutorando, Augusto César Saab Benedeti, professor da FATESA-Faculdade de Tecnologia em Saúde de Ribeirão Preto
Quando a prematuridade pode ser considerada?
Esse é um ponto importante muito discutido porque a prematuridade clinicamente é definida como um parto abaixo de 37 semanas, ou seja, já é um momento bastante crítico, porém um outro problema ainda mais preocupante é quando a prematuridade acontece com partos abaixo de 34 semanas, aonde os impactos realmente são muito grandes. Para se ter uma ideia, o impacto desse recém-nato prematuro trará alterações ou patologias ou complicações até o seu quinto ano de vida. Dependendo do histórico e dos fatos ocorridos, essa mulher corre o risco de não gestar novamente, ou gestar e nesse caso ter repetidamente um parto pré-termo.
Qual é o papel da ultrassonografia na Predição do Parto Pré-Termo?
Um papel muito importante e fundamental. “Veja, estamos falando de um dos e talvez dos maiores problemas da obstetrícia”, sinalizou o Prof. Augusto. Porque a prematuridade é multifatorial; então se fosse só um problema do colo uterino, como hoje focaremos um pouco, então talvez olhássemos só para isso. Mas nós estamos falando de pacientes que têm comorbidades, como hipertensão arterial crônica, nós temos problemas infecciosos, que podem levar a essa prematuridade e às vezes até uma falta de acesso a um pré-natal mesmo, uma realidade em alguns locais do nosso país, de tamanho continental, o que é realmente difícil e devemos olhar para todo esse contexto”, disse Saab.
“Então veja”,continuou. Na imagem trabalhamos com uma ou duas frentes, eu diria assim, fortemente que seria na predição da pré-eclâmpsia e na predição do parto prematuro por incompetência cervical que é onde a ultrassonografia realmente colabora na avaliação transvaginal, mas nós temos outros problemas e esses outros percalços a gente tem que realmente tirar o chapéu pra obstetrícia clínica brasileira, porque eles são incansáveis nos trabalhos que são feitos aí há décadas, na tentativa de melhorar essa predição, para que se faça uma prevenção da pré-eclâmpsia, onde se prediz para prevenir.
Marcadores ou preditores
A ideia é que os marcadores ou preditores pudessem identificar precocemente essa paciente de alto risco, numa população vasta, às vezes considerada de baixo risco para a prematuridade para que pudesse receber uma atenção especial não só da parte clínica, mas também laboratorial de imagem. Um indicador, e isso é muito importante, e a validação em termos de patologias do colo ou incompetência. São duas coisas diferentes, pois, um colo curto não quer dizer que ele é incompetente; nem toda paciente que tem colo curto vai ter parto prematuro, mas o acompanhamento disso é importante. Então são esses dois pontos fundamentais. A história materna, ou seja, se registrou de alto risco ou de baixo risco e a medida do colo uterino por via transvaginal, protocolos definidos universal de predição. Só que a predição com história clínica, mais colo ainda é muito a quem do que a medicina, nas áreas ginecológica e obstétrica necessitam, então é por isso, que os trabalhos continuam para melhorar as decisões nessa predição.
Comprimento do Colo Uterino
A FETAL MEDICINE FOUNDATION e a ISUOG têm seus protocolos que são constantemente atualizados e que preconizam de maneira bastante categórica que a medida seja feita por via transvaginal, de bexiga vazia, para que não altere o comprimento do colo uterino, principalmente o segmento inferior do útero.
A maneira de medir é importante, obter três medidas e sempre utilizar a menor das medidas, porque ela é que traz mais risco. Então veja, é um protocolo muito bem estabelecido, mas a morfologia do colo também traz respostas, inclusive se a paciente tem um risco de ter uma insuficiência progesta, uma insuficiência da progesterona, porque ele muda também o seu aspecto; então conhecer o colo uterino não é só para fazer medida, e sim entender a morfologia e entender que ele faz modificações ao longo da gestação; não é igual no começo ou no primeiro, segundo e terceiro trimestres, por isso que os trabalhos que são mais bem vistos na área acadêmica, são aqueles prospectivos em que vão avaliando o colo em todos os trimestres: primeiro, segundo e terceiro, hoje definidos, para a população de baixo risco a avaliação é feita entre 18 e 24 semanas de gestação. Esse é o protocolo atual com essa regra utilizado, mais a história materna. Quando a história materna é de alto risco, aí as coisas já se antecipam sendo uma tentativa de uma predição porque o passado da paciente se apresenta numa classe de alto risco de prematuridade. E caso ela venha a ter outro filho ela pode ter outro filho prematuro, pois o risco é sempre aumentado, toda vez que é identificada a causa, obviamente da prematuridade nessa causa, numa próxima gestação ela já é avaliada no primeiro trimestre para que ela seja categorizada de alto risco de prematuridade e a partir dali, ela tem um segmento completamente diferente; se a causa for hipertensiva então ela já vai fazer a predição pelo doppler das artérias uterinas e iniciar a sua prevenção o ácido acetilsalicílico, com cálcio que hoje é o preconizado se o problema foi infeccioso. Identificado isso também será avaliada a condição para o um próximo risco e se for por incompetência cervical uterina, essa paciente provavelmente será encaminhada para ser decidido pela clínica, entre o uso de progesterona vaginal cerclagem, que é quando o profissional costura o colo do útero para evitar que ele abra antes das 34 e 37 semanas.
Linha de pesquisa Doutorado Prof. Augusto Saab Benedetti: A elastografia do colo uterino pode ser um preditor do parto pré-termo?
O trabalho de tese de doutorado do Prof. Doutorando Augusto Benedeti, cuja ideia nasceu e se desenvolveu na Academia Latino Amricana de Ultrassonografia - ALAUS, tem como linha de pesquisa a elastografia do colo uterino, como um preditor do parto pré-termo que posteriormente fecundou – se como tema de doutorado do professor, na gestão do atual Presidente da ALAUS, Mário Palermo. O tema foi lançado e a tese de doutorado está em fase final.
Prof. Dr. Francisco Mauad Filho Prof. Dr. Mário Palermo
A viabilidade da pesquisa contou com participação do Prof. Dr. Francisco Mauad Filho, da FATESA e com a estrutura da Instituição. A partir daí verifica – se a possibilidade de usar a elastografia, os conhecimentos clínicos de elasticidade do colo e aí a seguinte investigação: Será que a elastografia do colo uterino pode ser um preditor do parto pré – termo, somado à história da paciente? O tema foi lançado e o trabalho está em fase conclusiva.
“São quase seis anos de pesquisa, com observações muito positivas, além do trabalho piloto que foi feito primeiramente. As primeiras pacientes, observadas ao longo do tempo, apresentaram resultados animadores, em relação à técnica de fazer o exame, protocolo, desenvolvido por nós. Nós não criamos a elastografia de colo”, disse o Prof. Augusto, mas criamos uma maneira de fazer o exame, assim como outros pesquisadores, ao longo do dos anos e ao redor do mundo também estão publicando as suas técnicas; protocolo que será lançado ao final do trabalho, que me deixa muito realizado”, diz o prof. Augusto.
Ainda segundo Benedeti, um trabalho muito satisfatório em se aprofundar. “É um protocolo ainda não aplicado. Existem outros trabalhos com outras maneiras de fazer a elastografia do colo, fazendo três medidas, na parte superior na parte anterior; o nosso faz um pouquinho diferente na maneira de realizar a compressão utilizando um tipo de elastografia; existem outros tipos, mas esse trabalho é só o começo, o que nos anima para a conclusão e já começar outro trabalho para fazer a comparação entre a elastografia, os diferentes tipos de elastografias e ver se a gente encontra os mesmos resultados dando continuidade à essa pesquisa.
O professor Augusto Benedeti ressalta e agradece o desenvolvimento do trabalho de seu doutorado realizado no Departamento de G.O do HCRP – Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, com orientação – Prof. Dr. Fabrício Costa e Co orientação Prof. Dr. Conrado Coutinho.
Orientador – Prof. Dr. Fabrício Costa Co - Orientador - Prof. Dr. Conrado Coutinho
”Quero agradecer a todos por essa pesquisa e dizer que ter o apoio de professores doutores, que buscam conhecimentos incessantemente em favor da medicina, é algo que se eterniza. São mestres que sempre estarão conosco, verdadeiros contribuintes de um mundo melhor. Fica aqui a minha gratidão ao Prof. Fabricio Costa, ao Prof. Conrado Coutinho por apoiarem essa iniciativa. Muito obrigado”, finalizou o Prof. Augusto, citando novamente os professores doutores, Francisco Mauad Filho e Mário Palermo que acenderam a chama de uma tese de doutorado tão significativa contribuindo para o avanço do conhecimento nessa área.
Assista ao episódio na íntegra:
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